Metamorfose cumpria seu papel de libertação. Porque a música é assim, ela liberta, acompanha crises existenciais. Ela explica. Salva. Resgata. Cada acorde causa uma pequena revolução e na cabeça de um adolescente, uma verdadeira transformação. Com o passar do tempo, as canções acabam fazendo parte de nossa memória emocional, nos remetendo a instantes únicos de nossas vidas.
“Me arrepio até hoje ouvindo e cantando metamorfose ambulante. A sensação é a mesma: liberdade. Liberdade para ser, sem maniqueísmos. Posso ser tudo e nada, certo e errado, bom e mau. A música tem o típico começo de néon, te causa logo um impacto”, diz o estudante Gleidson Gomes, 22 , sobre a experiência com um dos clássicos de Raul Seixas, quando tinha 18 anos.
Louco ou lúcido, poeta, maldito, cantor, compositor, rei do rock’n’roll Brasil. Muitos são os adjetivos destinados a Raulzito, graças a suas composições e parcerias com pessoas tão loucas ou lúcidas quanto ele. Mas o fato é que Raul deixou em letra, som e verso seus pensamentos, ideologias e crenças. Foram 21 discos - fora os lançamentos póstumos -, que abalaram as estruturas da sociedade, com músicas feitas sob medida para desestabilizar a “solidez” das instituições sociais. E arrebatar à vida da juventude de qualquer geração.
Maluco Beleza, Metamorfose Ambulante, Sociedade Alternativa, Gita, Eu nasci há 10 mil anos atrás, Medo da Chuva, Tente Outra Vez e outros clássicos de Raul Seixas são apenas algumas das composições que (des)estruturam mentes por onde foram ouvidas. Em especial de jovens cheios de dúvidas e incertezas num mundo desprovido de respostas. E mesmo quando havia certezas, elas entraram em colapso.
No entanto, nem só instabilidades e crises Raul disseminou. Suas músicas também vieram acompanhadas daquela áurea redentora, feitas para salvar vidas e mostrar novos caminhos, novas possibilidades. Em uma das homenagens espalhadas pelo país ao ídolo ao longo dos anos, algumas sempre ficam marcadas e sobrevivem na memória. Em 2005, o Memorial dos Povos, no centro de Belém, estava semi-lotado. Uma banda cover tocava as principais canções do cantor. Todos os presentes tinham alguma relação com as músicas. Havia gente jovem, gente velha. Gente unida pelo mesmo sangue roqueiro. Mas uma dessas pessoas se destacava entre às demais. Ele tinha uma alegria embriagante no rosto, talvez pelos copos e copos de Cantina da Serra entornados. Era um homem na faixa dos 30 e poucos anos. Gritava, cantava com toda a força as músicas e dizia com o rosto quase em lágrimas, os braços erguidos como numa oração: “Foi com esse cara que eu aprendi o que é rock’n’roll”.
E você? O que aprendeu com Raul?
Para saber sobre a carreira, as músicas e parcerias de Raul Seixas, acesse o site do fã clube oficial - Raul Rock Club