Folia Cultural
Carlos e Jéssica vendem refrigerantes. Silvane leva o filho Luis Antônio. Mário distribui copos e copos de água. Matilde saiu de Bragança e acompanha o neto. Flávio fatura com a venda de fitinhas, blusas, escapulários e adereços. Sandro, Ana Maria e Tatiana abanam, levam água, proferem palavras de apoio, rezam, acreditam, têm fé. E cada uma dessas pessoas ajuda a construir as histórias do universo chamado Círio de Nazaré
Eles estão em uma das 11 romarias que fazem parte do Círio: a Trasladação. Diferentes motivos os levaram até lá. Promessas, dinheiro, carinho. Afeto. Solidariedade. Fé.
Carlos estuda física na Universidade do Estado do Pará. Está ali para vender as 24 caixas de refrigerantes e arrecadar dinheiro para o curso. Carlos é evangélico e se impressiona com a multidão que se espreme nas ruas da Avenida Nazaré durante o traslado da Santa do colégio Gentil Bittencourt para a Igreja da Sé, no bairro da Cidade Velha, em Belém do Pará. O rapaz de 20 anos gosta do que vê.
“Eu acho bonito, muito bonito ver a fé dessas pessoas, o sacrifício delas. Eu não iria na corda. Mas eu respeito, porque cada um tem a sua fé, a sua crença”, diz.
Jéssica pensa diferente. Com os pés descalços, ela também vende os refrigerantes do dito curso e descansa depois de uma passagem no sufoco da corda. Jéssica entrou na universidade e agora agradece. “Só mesmo a fé pra aguentar aquilo. Na corda é muito quente, abafado, apertado. Tem gente que chora, como eu choro. Não vou nela do início ao fim. Minha promessa foi para ir até onde eu puder”.
Há gente por cada centímetro das ruas e calçadas da avenida. As pessoas se aglomeram, se empurram, pisam nos pés umas das outras. O espaço encolhe. Quanto mais perto da Berlinda (local onde fica a imagem de Nossa Senhora) mais gente. Quanto mais gente, mais aperto, pisadas nos pés, mais calor.
As pessoas transpiram e transpiram. O calor da cidade parece aumentar. E aumenta mesmo. O suor toma conta. É preciso força nas pernas, nos braços, na voz, para num respiro só pedir passagem e seguir em frente. Nem todos conseguem. Alguns se desequilibram, outros desmaiam. Outros unem os braços e formam correntes para resistir ao empurra-empurra e continuar.
As pessoas transpiram e transpiram. O calor da cidade parece aumentar. E aumenta mesmo. O suor toma conta. É preciso força nas pernas, nos braços, na voz, para num respiro só pedir passagem e seguir em frente. Nem todos conseguem. Alguns se desequilibram, outros desmaiam. Outros unem os braços e formam correntes para resistir ao empurra-empurra e continuar.
Nem todos querem fazer o mesmo trajeto e preferem ir por outros caminhos. Ronaldo e Luciene caminham pela avenida paralela ao roteiro oficial: a Governador José Malcher. Assim como eles, em número visivelmente menor, outras pessoas passam pelo lugar. È uma forma alternativa e menos desgastante de acompanhar a procissão. Dá para andar sem ser empurrado, jogado, pisoteado. Até carros passam por ali. Flávio também.
“Lá [na Avenida Nazaré] já tem muito vendedor”, diz Flávio enquanto vende suas fitinhas e blusas. A concorrência menor ajuda Flávio a faturar. “Aqui tem menos gente, mas dá pra vender bem, sim”. Nesse ritmo ele vai vendendo seus produtos rumo a Igreja da Sé.
“Lá [na Avenida Nazaré] já tem muito vendedor”, diz Flávio enquanto vende suas fitinhas e blusas. A concorrência menor ajuda Flávio a faturar. “Aqui tem menos gente, mas dá pra vender bem, sim”. Nesse ritmo ele vai vendendo seus produtos rumo a Igreja da Sé.
As pessoas se apressam para ver a santa de frente em alguma das ruas que cortam a avenida Nazaré. Se tentarem de outra forma, precisam se espremer. Quem fica pra trás e quer chegar mais perto precisa enfrentar a multidão. O percurso mais fácil é mesmo ir pela José Malcher, entrar numa rua transversal num ponto estratégico - onde não haja tanta gente (em geral a alguns metros do término da corda)-, e esperar a Virgem passar. Ronaldo e Luciene estão casados há 18 anos e já faz uns dez que seguem a Virgem de Nazaré por onde ela passa. E agora, eles apressam o passo para conseguir “pegar a Santa passando”, como se diz por aqui.
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