sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Corumbiara abre Mostra Cinema e Direitos Humanos

Por Gleidson Gomes
Guiart.com

As luzes do Cine Líbero Luxardo estão apagadas. Oitenta e seis pares de olhos e ouvidos aguardam, fora os espalhados pelas escadas. O cinema está lotado numa noite de quinta-feira. “Pensem nas crianças mudas telepáticas. Pensem nas meninas, cegas inexatas. Pensem nas mulheres rotas alteradas”, a voz de Juliana Sinimbú interrompe o burburinho e a escuridão, cantando a poesia de Vinícius de Moraes. A 4ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, em Belém, começou.

“Não sou mestre de cerimônia, sou cantora”, avisa Sinimbú ao subir no palco - um foco de luz sobre ela. Com uma leitura mecânica de roteiro, a artista causa certo incômodo na plateia. Em seguida, cineastas, produtores e políticos apresentam-se, agradecem, discursam. Até que, enfim, a luz apaga-se outra vez e a tela branca ilumina-se.


A 4ª Mostra abre com o documentário “Corumbiara”, de Vincent Carelli. O filme trata do massacre indígena na gleba homônima em meados da década de 80, no estado de Rondônia, em consequência da formação de grandes latifúndios. Carelli acompanha a luta do indigenista Marcelo Santos na busca pelos sobreviventes, como forma de comprovar o massacre.

Investidas no meio da floresta, entrevistas com fazendeiros, representantes da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), antropólogos e moradores da região permeiam o longa de aproximadamente de 117 minutos. O tempo passa rápido, mas tenso. A busca pelos índios no meio da mata lembra um suspense de Hitchcock.

O ápice do documentário é uma cena antológica, digna de ficção. A equipe formada por Carelli, Marcelo, o indigenista, e dois repórteres do jornal O Estado de São Paulo, encontra dois índios da tribo Canoê. Os canoê falam um dialeto incompreensível, repleto de gestos e sons. O diálogo torna-se impossível. Após os primeiros contatos, os índios levam a equipe até a aldeia. As imagens de Carelli vão parar na revista eletrônica global “Fantástico”.

Durante os discursos de abertura da Mostra, o representante do Ministério da Cultura ressaltou a importância do cinema e a capacidade da sétima arte em promover a transformação social. Ser tocado pelas imagens exibidas na tela, no decorrer da programação, é o primeiro passo.

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A mostra vai até dia 1º de novembro. Confira a programação.

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