domingo, 11 de outubro de 2009

Fé, alegria e devoção no Círio de Nazaré 2009

Por Yorranna Oliveira
Folia Cultural
Fotos: Carol Peres

“Você assistiu [a novela] Caminhos das Índias?”, pergunta Laise e em seguida emenda: “A Norminha tá aí”. Na verdade era a atriz paraense Dira Paes. Dira veio acompanhar o Círio 2009, em Belém do Pará. Ao lado da mãe e do filho, ela esperava a passagem da Santa pela Casa da Linguagem, no início da Avenida Nazaré, onde seria homenageada pelos funcionários do espaço cultural com o grupo de carimbó Iaçá.

Enquanto Dira observa a procissão pelos janelões da Casa, quem estava no local pedia para tirar fotos. Solícita e com um sorriso simpático, ela ia. “Só dois minutos tá?!”, dizia, para que não esquecessem o motivo de sua presença ali. Afinal, ela queria ver a Virgem e com muito assédio ficaria quase impossível.

Lá fora, as pessoas aguardavam. A Santa se aproximava cada vez mais. A pequena Laise olhava para o amontoado de gente a se espremer nas ruas e calçadas. Queria enxergar o tio no meio do povo. “Ele está na corda pagando promessa”, conta. Laise tem apenas 12 anos. Idade suficiente para se compadecer pelos fiéis. “Eles ficam sofrendo ai, todos suados, chorando, com calor, com sede. Eu tenho pena”, comenta.

Dira Paes sobe no palco erguido na Casa da Linguagem. As pessoas caminham, olham para a atriz e sorriem. Acenam, tiram fotos, interrompem o trajeto de suas vidas por alguns instantes e seguem em direção a Basílica olhando para trás. Dira, com o filho Inácio no colo, retribui com sorrisos e acenos.

Os guardas da Santa dão pulinhos de alegria, levantam as mãos, acenam e sorriem também. Os promesseiros, que se acotovelam na corda, abrem largos sorrisos. A expressão de dor e sofrimento nos rostos de cada um se desfaz. É como se a presença dela fosse um alívio em meio às provações de suas jornadas. Dira deseja Feliz Círio a todos. Saúda a Virgem, que se aproxima. E pede um ano bom para os paraenses.


Às 10h30, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré passa em frente ao local. Mãos se erguem. Olhos se fecham em oração. Há gente por todo canto. Gente subindo em árvores e grades em busca do melhor ângulo para ver a Berlinda (espécie de caixa, feita de vidro onde fica a Santa). As pessoas cantam, agradecem, pedem, sorriem, choram, dançam, desmaiam, socorrem.

Todos os sentimentos se misturam no Círio. Um momento de fé e devoção que se propaga pela romaria do início ao fim. Um fervor que comove qualquer pessoa, sem escolher idade, credo, cor, classe social. Você é realmente tocado pela energia que emana do povo. A imagem segue sua caminhada, recebendo novas homenagens e provocando novas emoções. Ao meio dia, ela chega ao Centro Arquitetônico de Nazaré(CAN), e cumpre seu percurso. Este ano, os paraenses almoçam mais cedo.

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